quinta-feira, 23 de agosto de 2012

VOCAÇÃO: ESCUTAR A VOZ DO SENHOR E SEGUI-LO.

Outra vez celebramos o mês dedicado às vocações, e, com um acento especial, somos chamados a refletir, celebrar e renovar o chamado que o Senhor nos faz. É belo olhar para a comunidade eclesial e perceber que todos somos chamados à Santidade, cada um vivendo o dom que recebeu. Temos sempre que trazer à mente que a santidade de Deus torna-se visível no corpo místico de Cristo, que é a Igreja, através de todos os seus membros: leigos, religiosos, sacerdotes. A comunidade dos filhos de Deus, chamados por Cristo e guiados pelo Espírito, é cada vez mais santa quando cada membro se esforça por corresponder ao seu chamado. Todavia quando não tem consciência do chamado, ou quando responde a outras vozes, o cristão fica perdido sem saber quem é e para onde caminha.
Não escutar a voz do Pastor que chama é uma realidade que afeta todos, mesmo aqueles que são comprometidos com sua vocação. Outras vozes vindas dos três inimigos do homem – ele próprio, o mundo e o maligno – podem ecoar mais fortes querendo determinar as suas orientações e escolhas, de modo que ele fecha os seus ouvidos para Deus e abre-os aos “ídolos” que querem tomar o lugar de Deus. Eis a realidade do mundo em que vivemos: os velhos ídolos do passado ressurgem com nova aparência querendo se estabelecer na vida de cada seguidor de Cristo como seus “senhores” . Não é em vão que o próprio Jesus combate a voz do maligno no deserto, vencendo-o e norteando sua vocação somente ao chamado do Pai, que O elegeu para fazer a Sua Vontade. Precisamos vencer as vozes que com tanta engenhosidade tentam arrastar-nos à tirania do poder, do prazer e da riqueza, como metas de realização da nossa existência.  Será que ainda reconhecemos a voz do Senhor? Ou não sabemos mais distingui-la entre tantas vozes? Só reconhecendo Aquele que nos pode trazer a vida e respondendo SIM ao Seu projeto é que seremos felizes e nos realizaremos plenamente enquanto seres humanos.

Praticamente é impossível não ouvir tantos chamamentos que vêm da realidade tão ruidosa em que vivemos. Eles estão aí, em nós e fora de nós, todos os dias, propondo-nos e atraindo-nos a alternativas de vida sem a participação do Senhor. Não precisamos ir longe para constatar que existe um projeto de vida vocacional totalmente contrário àquele que Deus traçou para seus filhos, e por qual estamos sujeitos a optar. Basta observar os nossos pensamentos: examiná-los torna-nos capazes de perceber que as propostas contrárias ao plano de Deus se encontram dentro de nós próprios. Se não tivermos consciência da nossa vocação e não buscarmos conhecer a Deus, a nós mesmos e o mundo que nos cerca, andaremos perdidos, às apalpadelas, tentando encontrar um rumo para a vida e sendo levados não pelo vento do Espírito, mas pelos furacões destruidores da vida.  Não podemos livrar nossos ouvidos dos apelos do mundo, porém fixando nossa escuta em Jesus, o único que nos pode dar a vida, escutaremos Sua voz, seguiremo-Lo e n’Ele encontraremos a segurança que ansiamos.
Conhecer a si mesmo e a Deus exige de nós uma busca constante. A tradição do Carmelo nos propõe um caminho para essa busca: o silêncio, a meditação da palavra de Deus e a centralidade da eucaristia. Se um (a) carmelita deixa de lado a leitura da Palavra de Deus e a vida eucarística, afasta-se da fonte de sua vocação; e sem o alimento do Pão da Palavra e do Pão do Céu, acompanhado do silêncio para que as vozes interiores e exteriores se calem, ele, simplesmente, se afasta do vínculo de comunicação com o Senhor.  Como escutar o Senhor se Ele não é mais procurado, desejado, querido, amado? O Carmelita é chamado a escutar Deus através de uma atitude orante de vida, cultivada pelo silêncio, pela Palavra e pela Eucaristia. Quanto mais estreitarmos os laços de amizade com Ele, mais Ele nos permitirá conhecer a nós mesmos, pois ao contemplá-Lo, mais perceberemos o quanto somos pecadores e desejaremos participar de Sua santidade. Quanto mais nos afastarmos d’Ele, menos saberemos sobre nós e nos contentaremos com o nada que somos.
Para escutar cotidianamente o Senhor e permanecer no Seu seguimento é imperativo que sejamos cônscios de que nem em nós nem no mundo encontramos palavra de vida eterna. Só Jesus é O que tem palavra de vida eterna. Ele é o Verbo no qual nos movemos, somos e existimos. Deste modo, se Ele é a Palavra Viva e Eterna pela qual tudo foi criado, e para qual tudo converge, acolhamos o Seu chamado. Não Lhe cerremos hoje nossos ouvidos, escutemos Sua voz e O sigamos! Não nos iludamos com palavras que se evaporam no ar e não são capazes de nos fazer felizes. Só Ele tem palavra de salvação.
Frei José Cláudio de A. Batista, O. Carm
Fonte: blog dos frades carmelitas

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