No próximo domingo, dia 24,
celebraremos o dia nacional da Bíblia, dedicado a despertar e promover
entre os fiéis o conhecimento e o amor dos Livros Sagrados, a Palavra de
Deus escrita, redigida sob a moção do Divino Espírito Santo,
motivando-os para sua leitura cotidiana, atenta e piedosa e, ao mesmo
tempo, premunindo-os contra os erros correntes com relação à Bíblia mal
interpretada.
“Na Igreja, veneramos extremamente as
Sagradas Escrituras, apesar da fé cristã não ser uma ‘religião do
Livro’: o cristianismo é a ‘religião da Palavra de Deus’, não de ‘uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo’” (Verbum Domini – Bento XVI -, 7)
É de São Jerônimo, o grande tradutor dos
Livros Santos, a célebre frase: “Ignorar a Sagrada Escritura é ignorar o
próprio Cristo”. Portanto, o conhecimento e o amor às Escrituras
decorrem do conhecimento e do amor que todos devemos a Nosso Senhor.
O ponto central da Bíblia, convergência
de todas as profecias, é Jesus Cristo. O Antigo Testamento é preparação
para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino. “O Novo estava
latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo Agostinho).
Dizemos que a Bíblia é um livro divino e
humano: inspirada por Deus, mas escrita por homens, por Deus movidos e
assistidos enquanto escreviam.
A Bíblia não é um livro só, mas um
conjunto de 73 livros, redigidos por autores diferentes em épocas,
línguas, estilos e locais diversos, num espaço de tempo de cerca de mil e
quinhentos anos. Sua unidade se deve ao fato de terem sido todos eles
inspirados por Deus, seu autor principal e garantia da sua inerrância.
Mas a Bíblia não é um livro de ciências
humanas. Por isso a Igreja Católica reprova a leitura fundamentalista da
Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma Protestante e que
pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus detalhes, o
que não é correto.
Além disso, a Bíblia não é um livro fácil
de ser lido e interpretado. São Pedro, falando das Epístolas de São
Paulo, nos diz que “nelas há algumas passagens difíceis de entender,
cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam,
para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras”
(II Pd 3, 16).
Por isso, o mesmo São Pedro nos adverte:
“Sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal.
Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade
humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus”
(2Pd 1, 20-21). Assim, o ofício de interpretar autenticamente a Palavra
de Deus escrita (a Bíblia Sagrada) ou transmitida oralmente (a Sagrada
Tradição) foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja
autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo, que disse aos Apóstolos e
seus sucessores “até a consumação dos séculos”: “Ide e ensinai a todos
os povos tudo o que vos ensinei… quem vos ouve a mim ouve”.
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Nenhum comentário:
Postar um comentário