Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO
Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO
Agosto é tradicionalmente o Mês
Vocacional. Muito se fala, ultimamente, de crise e de diminuição das
vocações. A messe cresce sempre mais e o número de operários da vinha do
Senhor diminui também sempre mais. Os ordenados e os consagrados
envelhecem e as novas gerações optam por outros caminhos vocacionais.
Mas, vocação existe, existiu e continuará existindo. Como tudo na vida,
precisa ser descoberta, despertada, promovida e cultivada. A crise
vocacional é proporcional à credibilidade eclesial e a vitalidade da
vida cristã. Quanto mais fraca e frágil forem a eficiência e a eficácia
eclesiais, menos vocações teremos.
A Igreja cultiva e promove as vocações
mais por atração do que por proselitismo. Vocação é um mistério
teândrico (divino-humano). Mais divino do que humano ou mais humano do
que divino? Mais divino e mais humano. Para cada vocação, uma ação, uma
missão e uma oração. Jesus, o primeiro promotor vocacional, comparou a
questão vocacional a uma roça. Chamou o mundo de messe e a humanidade de operário. Dele é que nos vem a inspiração do divino-humano cuidado e cultivo vocacionais, sincronizados: ação-oração: “a
colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao
Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita” (Lc 10,2;
Mt 9,37-38). O milagre da ciência e da tecnologia do agronegócio está aí para comprovar: “o chão dá se a gente plantar. Se a gente não planta, o chão não dá”. Ouvi, muitas vezes, meu pai dizer: “o boi, o arroz, o milho e o feijão crescem com os olhos do dono”.
Sofremos muito com os queixumes, por
conta da diminuta vitalidade da atividade vocacional. Lamentamos sempre a
perca e a diminuição das vocações. E é um fato. Os dados estatísticos
estão aí para comprovar. Contra fatos não há argumentos. Mas não podemos
ficar estacionados, na defensiva, achando que a culpa é de Deus ou da
sociedade, sem assumir o nosso protagonismo. Lembro-me de um antigo
cartaz vocacional que dizia: “toda vocação é graça sua”. Este “sua”
tanto pode ser atribuído à graça divina como à ação humana. Toda
vocação é um dom de Deus. Nossa é a missão de cuidá-la e cultivá-la. Se
no final dos esforços vocacionais não tivermos vocações que a comunidade
precisa, ainda assim, devemos nos render e afirmar: vocação existe.
Basta descobri-la, cultivá-la e promovê-la.
Como o Reino dos céus (Mt 13,44-45), a
missão de um promotor vocacional se assemelha a de um caçador de
tesouros escondidos. Ao encontrar uma pepita de ouro, um diamante ou
outra pedra preciosa, é preciso garimpar, tirar os cascalhos e as
impurezas, a fim de que o esplendor da glória de Deus possa brilhar (Mt
5,16). Quem ama a sua vocação, ama a vocação dos outros. Quem ama,
cuida.
Maria, a vocacionada do Pai, disse que
devemos fazer tudo o que o Jesus nos disser (Jo 2,5). A nossa ação é
fundamental, como é fundamental a oração pelas vocações. Meu professor,
Achille Triacca, dizia:“reze bem a missa e terá vocações. Reze mal a missão e não terá vocações”. Por isto, reze comigo esta simples oração vocacional: “Senhor,
envie mais missionários presbíteros, mais missionários diáconos, mais
missionários consagrados e consagradas, mais missionários leigos e
leigas, para o serviço do vosso povo, na vossa Igreja. Amém!”
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