Cópias da encíclica sobre o meio ambiente escrita pelo Papa
Francisco são vistas nesta quinta-feira (18) no Vaticano (Foto: Andrew
Medichini/AP)
O Papa Francisco culpa a "humanidade" pelo aquecimento do planeta em
sua encíclica sobre o meio ambiente publicada nesta quinta-feira (18), e
ainda afirmou temer que o controle pela água por parte das grandes
empresas mundiais termine por provocar uma guerra neste século.
"É previsível que o controle da água por parte de grandes empresas
mundiais se converta em uma das principais fontes de conflitos deste
século", escreveu o pontífice, que viveu na Argentina, sua terra natal,
as tensões sociais pela privatização da água.
Francisco pediu na encíclica "mudanças do estilo de vida", e acusa as
potências e suas indústrias de fazer um "uso irresponsável" dos
recursos.
"A humanidade está convocada a tomar consciência da necessidade de
realizar mudanças de estilo de vida, de produção e de consumo", escreveu
o Papa, que acusa a "política e as empresas de não estarem à altura dos
desafios mundiais", depois de terem feito um "uso irresponsável dos
bens que Deus colocou na Terra".
O Papa também denunciou "a submissão da política à tecnologia e às
finanças" como causa dos fracassos nas reuniões mundiais para conter o
aquecimento global e a deterioração do planeta. Ele ainda denunciou o
atual sistema econômico mundial que usa a "dívida externa como
instrumento de controle" e os países ricos por não reconhecerem a
"dívida ecológica" que têm com os países em desenvolvimento.
"A submissão da política ante a tecnologia e as finanças se mostra no
fracasso das reuniões mundiais", escreveu o papa em um texto que acusa
os "poderosos" de não querer encontrar soluções.
"A dívida externa dos países pobres se transformou em um instrumento de
controle, mas não acontece o mesmo com a dívida ecológica (...) com os
povos em desenvolvimento, onde se encontram as mais importantes reservas
da biosfera e que seguem alimentando o desenvolvimento dos países mais
ricos ao custo de seu presente e de seu futuro", afirma o documento
apresentado nesta quinta-feira no Vaticano.
Francisco também pediu aos países ricos que aceitem um "certo decrescimento" para conter o consumismo e a pobreza.
"Chegou o momento de aceitar um certo decrescimento em algumas partes
do mundo aportando recursos para que seja possível crescer de maneira
saudável em outras partes", escreve o pontífice, que pede "limites" por
que é "insustentável o comportamento daqueles que consomem e destroem
mais e mais, enquanto outros não podem viver de acordo com sua dignidade
humana".
G1
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