A
Epifania é a manifestação "da bondade de Deus e do seu amor pelos
homens": foi o que afirmou o Papa na missa por ele presidida na manhã
deste domingo, 6 de janeiro, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, na
Solenidade da Epifania do Senhor.
Durante a celebração, o Pontífice fez a
ordenação de quatro novos bispos: dom Georg Gänswein, secretário
particular de Bento XVI e prefeito da Casa Pontifícia; dom Vincenzo
Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica; e os núncios
apostólicos, dom Fortunatus Nwachukwu e dom Nicolas Thevenin.
Na homilia, o Papa convidou os bispos a
imitarem os Magos, homens que partiram rumo ao desconhecido, "homens
inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à
espera, que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com
uma posição social provavelmente considerável, mas andavam à procura da
realidade maior".
"Talvez fossem homens eruditos –
continuou o Santo Padre –, que tinham grande conhecimento dos astros e,
provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era
apenas saber muitas coisas que queriam; queriam, sobretudo, saber o
essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por
isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Se preocupa
conosco e como podemos encontrá-Lo."
"Queriam não apenas saber; queriam
conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua
peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho,
da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a
Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de
Deus."
A este ponto de sua homilia, o Santo
Padre perguntou-se "Como deve ser um homem a quem se impõem as mãos para
a Ordenação episcopal na Igreja de Jesus Cristo?" Podemos dizer -
afirmou: "Deve ser, sobretudo, um homem cujo interesse se dirige para
Deus, porque só então é que ele se interessa verdadeiramente também
pelos homens. E, vice-versa, podemos dizer: um Bispo deve ser um homem
que tem a peito os outros homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes
humanas. Deve ser um homem para os outros; mas só poderá sê-lo
realmente, se for um homem conquistado por Deus: se, para ele, a
inquietação por Deus se tornou uma inquietação pela sua criatura, o
homem."
Retomando a descrição dos Magos, Bento XVI ressaltou deles, em particular, a coragem e a humildade da fé:
"Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente."
"Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente."
Nessa linha, Bento XVI traçou a missão
do bispo em nosso tempo: "A humildade da fé, do crer juntamente com a fé
da Igreja de todos os tempos, há de encontrar-se, vezes sem conta, em
conflito com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que
aparentemente é seguro. Quem vive e anuncia a fé da Igreja encontra-se
em desacordo também, em muitos aspectos, com as opiniões dominantes
precisamente no nosso tempo".
"O agnosticismo, hoje largamente
imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o
que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios. Por isso, a
coragem de contradizer as orientações dominantes é hoje particularmente
premente para um Bispo."
O Santo Padre prosseguiu traçando a missão do bispo em nosso tempo afirmando que ele te de ser valoroso:
“E esta valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. “Aquele que teme o Senhor nada temerá”, diz Ben Sirá (34, 14). O temor de Deus liberta do medo dos homens; faz-nos livres!"
“E esta valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. “Aquele que teme o Senhor nada temerá”, diz Ben Sirá (34, 14). O temor de Deus liberta do medo dos homens; faz-nos livres!"
A este ponto, Bento XVI recordou um
episódio do início do cristianismo, narrado por São Lucas nos Atos dos
Apóstolos, em que o sinédrio chamou os apóstolos e os flagelou.
Proibindo-os de pregar o nome de Jesus, em seguida os libertou. Lucas
afirma que eles foram embora cheios de alegria por terem sido julgados
dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus.
Como os apóstolos – prosseguiu o
Pontífice –, assim os bispos, seus sucessores, "devem esperar ser,
repetidamente e de forma moderna, flagelados, se não cessam de anunciar
alto e bom som a Boa-Nova de Jesus Cristo; hão de então alegrar-se por
terem sido considerados dignos de sofrer ultrajes por Ele. Naturalmente
queremos, como os Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido,
obter a sua aprovação; naturalmente não provocamos, antes, pelo
contrário, convidamos todos a entrarem na alegria da verdade que indica a
estrada".
"Contudo o critério ao qual nos
submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o
próprio Senhor. Se defendemos a sua causa, conquistaremos
incessantemente, pela graça de Deus, pessoas para o caminho do
Evangelho; mas inevitavelmente também seremos flagelados por aqueles
cujas vidas estão em contraste com o Evangelho, e então poderemos ficar
agradecidos por sermos considerados dignos de participar na Paixão de
Cristo."
"Os Magos seguiram a estrela e assim
chegaram a Jesus, à grande Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem
(cf. Jo 1, 9). Como peregrinos da fé, os Magos tornaram-se eles mesmos
estrelas que brilham no céu da história e nos indicam a estrada",
concluiu Bento XVI.
Fonte: CNBB
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